Sou um não-católico (apostólico romano, ortodoxo, bizantino etc.) convicto, mas também sou um convicto não-evangélico (protestante, pentecostal, neopentecostal etc.) – embora de tradição evangélico-pentecostal. Convicto porque já fui católico e evangélico, por longos 21 anos da minha breve vida.
Quando católico, o líder da ICAR ainda era João Paulo II, até que me converti ao movimento evangélico. Abandonei-o um pouco depois que o Silas Malafaia vendeu a alma a $ataná$, quando o Marco Feliciano era só mais um berrador de púlpito; graças a Deus minhas referências eram outras, Antônio Gilberto (CPAD-CGADB), Russel Shedd (Batista Reformado), Ed René Kivitz e Ariovaldo Ramos (IBAB), Ricardo Gondim e Elienai Cabra Júnior (Betesda). Enquanto alguns subiram no muro e de lá fazem teologia, percebi o fundamentalismo reformado de outros e resolvi caminhar com Gondim e Elienai. Esses aí resolveram esticar o fio até o fim e pagam caro por isso. Sei de suas incoerências, mas eles sabem sobre si bem mais do que eu. Reconhecem-nas e as confessam.
Entretanto, venho aqui declarar minha admiração por Francisco, o Papa. A despeito do poderio católico romano, que julgo (só mais) uma contradição ao evangelho de Cristo e uma ostentação político-imperialista, Francisco demonstra-se uma voz um tanto quanto destoante do que se fez a partir do trono (só que não) de Pedro, o Apóstolo. O Papa quer devolver a sua comunidade a quem pertence por direito (não o canônico, claro), aos pobres.
Sim, há muito o que mudar no Vaticano. Francisco ainda é conservador quanto ao papel da mulher na igreja e no mundo, quanto à homossexualidade (o direito de ser), quanto ao celibato, quanto ao aborto, quanto à castidade e quanto ao uso de preservativos. Quem sabe ele não seja o início de uma revolução. Alguns dirão que não, que é só mais um. Prefiro crer que sim; torço por meus irmãos católicos, isso lhes faria muito bem. Nunca vi, li ou ouvi falar de um Papa que pregue tanto Jesus Cristo e queira estar tão próximo das pessoas e dos pobres.
Não me iludo, tampouco elevo minhas expectativas, ninguém mudará o que se mantém por séculos em um único pontificado. A igreja Católica Apostólica Romana (seus problemas) é muito maior que Jorge Bergoglio. Ele sabe disso. Nós também. Mas alguém precisa começar. O “Vaticano II” talvez o tenha feito. Se não, Francisco parece-me disposto.
“E sobre a idolatria?”, perguntarão alguns. Bom, falam da veneração à Maria e aos Santos? Se sim, penso que, enquanto católicos são devotos de homens e mulheres de testemunho cristão, evangélicos adoram o capital ($) e suas doutrinas teológicas. Nessa “briga”, prefiro idolatrar o Palmeiras. Cada um tem o ídolo que merece. Deus deve rir de tudo isso. Ou não. Mas tenho certeza que a cruz é muito maior que essas picuinhas.
Aquele abraço, Francisco. Peço a Deus por você, meu irmão (pelo Silas, pelo Feliciano e por todos os pecadores como eu).
Cal said:
Willlll a quanto tempoooooooooooooooooooooooooooo eu nunca entro no google mais rsss vim e vi seu artigo, to no trabalho e compatilho a mesma opiniao que vc. oooww saudades imensas… eu tb nunca to no twitter canseikkkkkk
bjao da amiga sumida Calzinha (to no face /calzzzinha)
Rogério Carvalho said:
Muito bom!!! Também sou cético e eu mesmo me policio em meu entusiasmo. Não acho saudável e nem sensato (digo por mim) fazer dele um “messias”. Mas, como sou um incurável utopista, faço votos e solto fogos a cada mudança.
willcjc said:
É claro que ele não vai resolver o problema. Mas parece querer começar. Sempre bem-vindo, Rogério.
José Torrente said:
parabéns pelo texto, alguns estão cético devido a estrutura secular de uma denominação, eu estou confiante que o chute na bola foi dado, não me preocupa no momento as instituições, e sim quero admirar aquele homem que veio trazer esperança, ensinar a humildade, falar de assuntos polêmicos sem medo e sem covardia, veio para mostrar o forte carisma estampado no corpo e seu sorriso, abraçar o povo sem medo de violência, veio apenas falar de PAZ E AMOR. Me encantou a multidão de jovens de todas as idades, sem bandeiras politicas, sem pt, nem psdb, nem p + p. Só a bandeira de Cristo
willcjc said:
Concordo contigo, José. Agradeço a visita e o comentário. Volte sempre. E viva Francisco e o Cristo, nosso Salvador.
Rafael Veloso said:
Não sei se algo irá mudar na igreja católica, porém algo já mudou (o papa)… então Céticos ou não toda mudança há um começo, isso a história nos mostra, e para termos a confirmação que essa mudança se perpetuará, somente a tempo nos poderá mostrar!
Belo texto Will… Parabéns!
willcjc said:
Rafa, entendo os céticos-pessimistas, de fato, não é fácil crer em mudanças estruturais em algo que se mantém há séculos. Todavia, concordo contigo, alguém precisa começar e, me parece, Francisco já deu alguns passos nesse sentido. Oremos por ela, a Igreja Católica Romana.
Abraços e volte sempre, mano.
Elienai Cabral Junior said:
Francisco é um papa encantador. Admiro o ambiente que ele propicia, de simplicidade, conversa, tolerância. Reconheço seu carisma e comunicação fácil. Mas meu ceticismo resiste. Duvido da estrutura que o condiciona, impreterível, marcada pelo poder e opulência. Que revolução pode livrar uma religião de um Pontífice, Cardeais, Cúria, estado teocrático?
Tão constituído pela ostentação de poder, seus gestos de mera humanidade se revestem de excepcional valor: rir, beijar crianças, tocar e ser tocado.
Lamento. Permaneço cético.
Parabéns pelo texto.
willcjc said:
Você tem razão, mano. Mas ainda assim acredito em novos ventos nas bandas romanas. Ao menos pelo constrangimento. Abraço saudoso.