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porta_aberta

Não te apresses em chegar, peço. Sinto-te próximo, como dantes, e não temo por isso, mas peço que te demores. Quem sabe assim também te demoras a partir.

Não há medo, mas cautela. Anseio que sejas duradouro, posto que “eterno enquanto dure”. Assim, quando resolver entrar por aquela porta, a mesma que para você sempre esteve aberta, imploro, conte os passos e demora-te.

Nós bem sabemos, sou um homem de poucos amores e muitas paixões, teimoso em amar e intenso em viver. Sinto-me curado da sua última partida, compreendo que foi o melhor para ambos, mas demore um pouco mais dessa vez. Vai ser melhor assim. Assenta-te no banco em frente ao portão do meu coração e faça hora, observe o céu, conte os pássaros na praça, dê algumas voltas nos quarteirões da minha alma e depois de muito refletir, chegue.

Saibas, inclusive, que aquele coração duro já não existe, por isso insisto, não é medo, mas reverência. E quando chegar, puxe uma cadeira, o café estará quente, a mesa estará posta, a cama pronta e a casa cheia de esperança.

Entendes? Quero que venhas pra ficar, sem planos de partida. É mais do que cautela, é desejo de que seja a última vez até que a morte nos separe; melhor, até que a morte nos una para sempre.

Eu sei, é muita pretensão. Mas, pensa bem, qual de nós sobrevive sem sonhos?